Existe, antes de tudo, o problema de Orgon. Esse homem de bem e de valor, no desejo violento e egoísta de salvar sua alma, acreditou encontrar em Tartufo sua confortável oportunidade de salvação. Que milagre! Eis que Deus lhe deu, para uso pessoal, um santo! Como o mima, como o alimenta, como se sente orgulhoso em poder de alguma maneira assemelhar-se a ele! O próprio catecismo deveria ter-lhe ensinado que o pecado está entranhado no coração do homem, e que, no amor das criaturas, não se pode basear nada de duradouro."A gênese da comédia Tartufo", notas de Robert Jouanny.